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sábado, 27 de março de 2010

Ladrão de Corações

Na verdade, o título deveria ser no plural. Todos nós sabemos, mas poucos de nós e nem sempre em todas as circunstâncias reconhecemos, que existem pessoas ou instituições que funcionam como ladrões de corações. Ou seja, dissimulados e simulados, enganam pessoas ou mesmo quase toda uma sociedade com argumentos falaciosos, jogadas de marketing e muita lábia. Além de tudo, são oportunistas como abutres e sabem a hora certa de cair sobre a carniça. Enquadram-se em uma das duas ou em ambas as citações de Epicuro para o que é falso: não são e parecem ser (simulação) e/ou são e não parecem ser (dissimulação).

Tais pragas assolam a humanidade de forma monstruosa. Dão grandes políticos ou governantes, grandes líderes religiosos ou grandes companhias. Como alguém vota e até briga por aquele político corrupto? Como ditadores (que segundo alguns historiadores são odiados pelo povo) são adorados e conduzidos ao poder com apoio da maioria? Como bandidos travestidos de santidade vivem de explorar fiéis criando religiões? Como alguém consegue gostar dos sanduíches artificiais de certas multinacionais, pequenos, caros e sem gosto? A resposta está no marketing e no comportamento psicológico de rebanho da sociedade?

A um nível de menor escala, temos os estelionatários, os sedutores e até mesmo alguns atores, apresentadores, profissionais liberais e professores. Na época de estudante universitário, tive um professor que todos santificavam e achavam o máximo. Quando alguns de nós paramos para refletir e esprememos o conteúdo das suas aulas, vimos que era mínimo, em sua maior parte inútil e repetitivo.

Transcrevo abaixo artigo de hoje de Clóvis Rossi na Folha de São Paulo. Tirem as suas conclusões, mas desde já deixo claro que não quero ferir a religião nem a preferência política ou gastronômica ou etc. e tal de ninguém e por isso não citei nomes no que escrevi acima:

CLÓVIS ROSSI

“Assim na Terra como no céu”

“Ante denúncias, Vaticano usa como defesa o mesmo argumento utilizado pelo lulo-petismo no mensalão”


“Quando cobria a eleição do papa que viria a ser Bento 16, conversei informalmente com um cardeal-eleitor que chegou a figurar, ainda que tangencialmente, na lista (imensa) de "papabili".
Disse-me, a horas tantas, que, ao fim e ao cabo, quem decidiria a eleição seria o Espírito Santo, que sopraria ao ouvido de cada cardeal o nome certo para conduzir a igreja.
Creio que os católicos, pelo menos os não fundamentalistas, me perdoarão a irreverência de ter pensado que o Espírito Santo era um brincalhão. Só se explicaria a necessidade de sucessivas votações se Ele soprasse um nome ao ouvido de uns quantos cardeais, outro nome a um número menor, um terceiro ou quarto aos demais eleitores, em vez de dizer de uma boa vez o nome definitivo a todos.”
Essa origem divina do papa torna ainda mais chocante o fato de "L'Osservatore Romano", a palavra oficial da igreja, ter recorrido à mesmíssima argumentação do lulo-petismo para reagir à reportagem do "New York Times" sobre a omissão de Joseph Ratzinger no caso do sacerdote Lawrence Murphy, que abusou de cerca de 200 crianças surdas.
Para o jornal do Vaticano, a reportagem não passa de "evidente e ignóbil intento de atingir, a todo custo, Bento 16 e seus colaboradores”.
Não lembra a desonesta alegação dos petistas, inclusive da academia e da imprensa chapa-branca, de que a mídia conspirava contra o presidente Lula no episódio do mensalão? Todo o mundo sabia que a única conspiração era a dos fatos, tanto que o presidente se viu forçado a pedir publicamente desculpas, além de alegar que o PT fez "o que todo mundo faz", aludindo a um suposto caixa dois, que, de todo modo, "é coisa de bandido", conforme afirmou à época o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
O que espanta, no caso do Vaticano, é que havia alguma "rationale" no lulo-petismo, embora torpe: é óbvio que a oposição tentaria usar os fatos para atingir o governo, com fins eleitorais. No caso do papa, como a eleição é decidida pelo Espírito Santo, que tipo de interesse poderia haver em atingi-lo?
Anticlericalismo? Pode ser, mas não é ele, e sim os fatos, que podem atingir a igreja. Culpar o jornal é tentar quebrar o espelho para que não mostre o lado feio de uma "instituição que, por séculos, carregou os ideais de dignidade, amor e solidariedade na sociedade ocidental", como escreveu ontem nesta Folha Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador de projetos do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
É essa carga histórica, não o anticlericalismo, que torna mais chocante a sequência de episódios de abusos cometidos por sacerdotes. É também ela que torna indefensável o argumento de que os casos de pedofilia envolvendo religiosos são uma parcela ínfima dos abusos cometidos por outros atores.
Quando surgiram denúncias na Alemanha, um religioso chegou a calcular que, dos 210 mil casos de abusos denunciados no país desde 1995, só 94 (0,044%) envolveram pessoas da Igreja Católica.
Aritmeticamente, é verdade. Mas não pode servir de habeas corpus para os que são dirigidos pelos que conversam com o Espírito Santo, não souberam respeitar a santidade do corpo alheio e ainda ocultam os pecados culpando o espelho.”

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ilha do Medo.

Eis aí um grande filme. Melhor do que todos os que concorreram ao Oscar. Scorsese mostra que é de fato um grande diretor e os atores estão muito bem.

Não quero adiantar nada do filme. Mas a ilha do medo está em nosso dia a dia. A ilha do medo pode ser cada um de nós. Presos em nossos medos, ansiedades, pensamentos e obsessões. Parece que temos que criar uma realidade alternativa para fugir inutilmente da nossa ilha escarpada interior. Fingimos que somos felizes, que somos bem sucedidos, que somos importantes. Muitos criam universos paralelos em orkuts, second lifes, religiões, cirurgias plásticas, maquiagens, fotoshops, festas, etc. Muitos se desesperam e não aceitam as derrotas que a vida lhes impõe, como é o caso de famosos que caíram, ex-famosos e pessoas de fama momentânea. O resultado pode ser desde uma simples crise depressiva a atitudes desesperadas e histriônicas para aparecer. Ou mesmo ações auto-destrutivas e até mesmo o suicídio.

Temos medo, na nossa ilha interna, das atitudes que já tomamos e das que vamos tomar. A ridícula frase “não me arrependo do que fiz, mas do que não fiz” espelha isso. É uma frase tipicamente defensiva de quem quer se enganar a si próprio. É óbvio que não fazer uma coisa significa ter feito outra, significa ter tomado uma atitude. A frase por si só já contém um erro de lógica. Não fazer algo é fazer outra coisa. Em segundo lugar, não há uma pessoa na face da terra que não tenha arrependimentos. A menos que seja um psicopata ou esquizofrênico completamente desprovido de sentimentos. Se a frase típica de House é “everybody lies”, a minha seria “todo mundo se arrepende de algo”. Nesse exato momento, arrependo-me de ter feito medicina, por exemplo. Pode ser até que mude de ideia de novo.

Outra ilha do medo são as grandes cidades. Vivemos isolados em meio a uma multidão. Não sabemos em quem confiar. Podemos morrer em qualquer esquina. A minha cidade, que me perdoem os que dela gostam, causa-me medo, embora tenha nascido e morado aqui minha vida toda. Como o personagem de DiCaprio, parece que estou condenado a jamais poder escapar daqui. Uma cidade que é uma “Matrix”, cujos habitantes parecem ignorar que temos uma taxa de homicídio (por 100 mil habitantes) que supera as das badaladas Rio de Janeiro e São Paulo. Quem não acredita que consulte na internet o mapa da violência 2008. O de 2009 nunca saiu e o de 2010 pelo visto não vai sair (influências políticas?). Podemos observar que Salvador duplicou o número absoluto de homicídios em 4 anos! E o mapa só mostra a ponta do iceberg, já que, defasado, ignora os dados de 2007. Eu, que trabalho no IML, posso constatar que de 2007 em diante a coisa só fez piorar. Recife, a capital mais violenta do país, mantém-se estável. Em breve, estaremos em primeiro, já que nossas “faltoridades” nada fazem e os homicídios se multiplicam. Salvador tem hoje um dos piores PIBs por habitante dentre as capitais. Tem também um dos maiores custos de vida, a maior quantidade de analfabetos, o transporte coletivo pior e mais caro. É desabastecida de muitos gêneros e os supermercados formam um cartel. Só vive engarrafada e é impossível não encontrar filas cavalares nos serviços mais simplórios. Para autenticar um documento, gasta-se uma manhã ou uma tarde. Suas praias são lotadas e sempre sujas, desassistidas e sem opções. E podem até me dizer que toda cidade tem seus problemas. Isso não me consola (desculpa de Poliana) nem é nelas onde vivo ou pretendo um dia viver.

Duas frases no filme são marcantes e nos levam a refletir. A primeira é quando o personagem de DiCaprio chega à ilha e vê uma tabuleta que diz: “Remember us for we too have lived, loved and laughed” (perdoem ter deixado em inglês, mas não gostei da tradução da legenda e, apesar da aparente facilidade, não fui capaz de traduzir de maneira a manter o impacto e a sensibilidade). A outra, é quando o auxiliar de DiCaprio, interpretado por Mark Ruffalo, fala para ele: “Isso é uma Ilha. Sempre vão nos encontrar”.

quinta-feira, 18 de março de 2010

An Education (ou: O que querem as universidades dos professores?).

Aproveito desta feita o título de um filme recente, corrente ao Oscar, embora não tenha achado ele uma obra de arte.

O que querem as universidades dos professores? O que quer o MEC? O que querem os próprios professores?

Deixo claro de início que já tenho mestrado e doutorado. Logo, não tenho dor-de-cotovelo em criticar o peso excessivo que é dado a esses títulos. Também deixo claro de que parto dos seguintes pressupostos: 1- Não existe supremacia absoluta de um curso sobre outro. Inclusive os professores recebem o mesmo salário, não importando a sua graduação. Mas alguns cursos são muito mais trabalhosos do que outros e formam profissionais mais atuantes na sociedade. Isso é indiscutível. E isso vale também para mestrado e o doutorado. Apesar de receberem o mesmo valor, mestrados ou doutorados suados e penados em laboratórios, trabalhos de campo e/ou em ambulatórios (por favor, não me crucifiquem por minha opinião), são mais consistentes e pesados do que aqueles baseados em simples recolhimento de dados estatísticos, análise puramente pessoal de referências bibliográficas ou apanhado de entrevistas. 2- Os cursos de mestrado sofreram uma desvalorização evidente frente ao doutorado. Antigamente, tínhamos que fazer teses de mestrado. Hoje, chamam de dissertações e reduziram o tempo de conclusão.

Ora, agora cabem os seguintes questionamentos:

1- Um professor com titulação hipertrofiada (mestrado, doutorado, livre docência, pós-super-doutorado – ou pós-doctor, como costumam falar pomposamente alguns) tem maior valor ou sabe necessariamente ensinar melhor do que aquele que não tem nada disso? Muitos colegas não têm quaisquer “pós” e dão show em sala de aula, enquanto outros altamente titulados não têm o mesmo dom. E, para piorar, muitos deles passam facilmente em concursos pelo peso do currículo e nunca deram uma aula em toda a sua vida. Ainda podemos observar professores sem nenhuma atuação naquilo em que se graduaram, altamente titulados, mas sem nenhuma experiência prática que possam passar para seus alunos. Em uma época em que muito se fala em interdisciplinaridade e em cursos baseados em formar profissionais que saibam atuar isso é temerário e faz lembrar a piada de mau gosto proferida jocosamente contra nós professores: quem sabe faz, quem não sabe ensina. Soa estranho médicos que não sabem sequer tratar uma pneumonia, uma hipertensão arterial sistêmica ou uma tuberculose estarem ensinando a futuros médicos, mesmo que sejam em matérias básicas. O mesmo vale para o advogado que nunca advogou ou o odontólogo que após a formatura nunca viu uma boca aberta.

2- Se o mestrado é considerado inferior ao doutorado (o que pessoalmente acho um erro), por que o MEC, que assim estipula, não obriga que para se fazer o segundo se tenha obrigatoriamente o primeiro? Já que são enxergados como degraus em uma escada, que assim se proceda.

3- Um pesquisador com centenas de trabalhos publicados vale mais que um com poucos? Penso que depende do(s) trabalho(s). De que adianta ter trabalhos publicados que não têm nenhum impacto social ou no meio científico? Que não servem como referência para nada, a não ser afagar o ego de quem publicou?
4- Como são distribuídos os incentivos e verbas para a pesquisa? Será mesmo que se leva em conta o que coloquei no item anterior? Ou é uma distribuição cotizada, corporativista ou mesmo baseada em nomes de peso? Que chance tem um pesquisador que queira caminhar com as próprias pernas? Ou aquele que está começando? Não tenho resposta para os questionamentos desse item nem quero ser leviano insinuando qualquer coisa.

Finalizando, pergunto de novo o que querem as faculdades. Professores que saibam ensinar? Professores que saibam pesquisar? Na verdade, querem um professor que saiba fazer as duas coisas. E de preferência pagando mal. Mas há que se ter cuidado com o reverso da moeda. Alguns professores podem realizar tantas pós-graduações e cursos no estrangeiro que, quando menos se espera, já estão aposentados, tendo trabalhado efetivamente muito pouco na instituição para a qual foram contratados e pagos (mal ou bem) com dinheiro público (se não do governo, no caso das universidades federais e estaduais, com dinheiro dos alunos ou de outros órgãos, no caso das particulares).

quarta-feira, 17 de março de 2010

Às vezes eles voltam (ou: Por que votam neles?).

Como é de praxe na maioria das postagens, usurpo mais um título de filme, desta feita um bom filme de terror das antigas, baseado em conto de Stephen King. Com isso, faço mais uma analogia política.

Por que eles voltam? Por que votam neles? O caso recente do ex-governador e gatuno Arruda é emblemático. Arruda já havia deixado de ser senador, por violar o sigilo do senado (e ACM também), e voltou eleito pelo povo como governador de Brasília. Diversos políticos reconhecidamente suspeitos ganharam eleições e retornaram em grande estilo: ACM, Palocci, Collor, Maluf, etc. Como cães que voltam ao vômito, muitos deles, senão quase todos, voltam às práticas antigas. E continuam sendo votados. As teorias que esse blogueiro levanta para esse efeito nocivo perpetrado pelo próprio povo, muito embora eu não seja sociólogo, psicólogo nem analista político, são as seguintes:

1- Muitos votam por ignorância. Em um país onde as revistas e os livros são os mais caras do mundo, não se espera mesmo bom nível cultural de sua população. Por isso interessa aos políticos a falta de controle da natalidade, a pobreza extrema e as escolas públicas ruins (ou melhor, péssimas, já que ruins são aquelas consideradas erroneamente boas em nosso país). É massa anárquica e manipulável que vais se formando.

2- Outros votam por coerção de currais eleitorais, onde o voto é vendido e cobrado. A coisa funciona assim: o político sabe de que região da cidade (geralmente cidades pequenas do interior) vem tal quantidade de votos. Se não bate com o que o político esperava, a população daquele setor ou bairro sofre retaliações e negligências.

3- Mas a maioria mesmo vota por defeito de caráter. Votam em candidatos corruptos porque vêm neles uma versão hipertrofiada da própria personalidade. Votam neles por troca de favores ou por extremo individualismo, achando que receberão cargos e vantagens. Isso é lamentável, pois me deixa desesperançoso quanto ao futuro do nosso país. Somos um país onde a maioria da população é corrupta ou pretende ser, como sonho acariciado diuturnamente. O exemplo que vem de cima é dos piores. Aqui em Salvador, pasmem, são vendidos atestados médicos para abonar faltas de trabalhadores ou para permitir segundas chamadas de provas de estudantes na rua mesmo. Já cheguei a presenciar um paciente que se recusava a receber um transplante de fígado (e consequentemente se condenava à morte lenta) para não perder o auxílio doença da previdência.

No filme “Às vezes eles voltam”, pessoas malignas mortas retornavam para assombrar o protagonista. No nosso país, sempre eles voltam com o apoio do microcosmo corrupto da população. Voltam para roubar, massacrar a classe média, encher os bolsos com nosso dinheiro e vender favores e licitações. Até mesmo os mortos voltam na figura de descendentes ou de fantoches políticos. Às vezes eles voltam... E quase como é de praxe, sangram. Sangram o país, é claro.

terça-feira, 16 de março de 2010

Quanto mais idiota, melhor.

Uso o título de outro antigo filme, uma comédia besteirol, que por sinal não assisti, para ilustrar aonde quero chegar.

Antigamente, ouvíamos dos nossos pais que era necessário estudar para ganhar a vida e ser alguém. De alguns anos para cá, entretanto, estudar parece que virou empecilho para ganhar dinheiro e vencer na vida. Alguns empresários de sucesso podem ter chegado lá pelo estudo, mas principalmente pela capacidade de farejar dinheiro, espírito empreendedor e pela iniciativa própria. Mas muitas pessoas fazem parte de uma casta que ganha dinheiro a rodo, achando-se semideuses, graças a pobres oligofrênicos que os veneram e lhes dão uma atenção fora do normal. A inversão de valores chegou ao máximo, transformando em milionários da noite para o dia nuelas de BBBs, cantores horrorosos, apresentadores de TV de péssimos programas e jogadores extremamente medíocres, tidos como craques.

Qual não foi minha surpresa ao saber que certo goleiro que pertence ao meu pobre time ganha 75 mil reais por mês (segundo fontes da TV, por favor). O que é pior é que goleiros geralmente não costumam ganhar os maiores salários do futebol e o referido goleiro nem é esse jogador todo. O que ganham então jogadores de seleções? Que chance você tem como professor, médico, advogado, economista, biólogo, etc. de ganhar metade do que ganha esse goleiro?

Um certo apresentador de um modorrento e inútil programa global ganha mais que o mais bem pago jogador do mundo. E mal é conhecido fora do país. Que diríamos dos cantores das simplórias músicas de carnaval da Bahia? De algumas “modelos” que viram atrizes e apresentadores às custas de muito apelo sexual ou mesmo de sexo com as “pessoas certas”. E dos cantores internacionais, astros de outros esportes, escritores de porcarias sem valor literário? De bandidos da política nem falo, pois esses são desonestos por essência.

Observemos, como exemplo, a lista da revista Billboard dos cantores e/ou bandas mais bem pagos em 2009: 1- U2 com 109 milhões de dólares, 2- Bruce Springsteen (57,2 milhões), 3- Madonna (quase sempre ruim e presepeira - 47,2 milhões), 4- AC/DC (ainda tocam alguma coisa que preste? - 43,6 milhões), 5- Britney Spears (essa dispensa críticas, tamanho o horror e a ruindade - ( 38,8 milhões), 6- Pink (fraquíssima também - ( 36 milhões), 7- Jonas Brothers (33 milhões), 8- Coldplay (33 milhões), 9- Kenny Chesney (26 milhões) e 10- Metallica ( 25 milhões).

Notem bem que a maior parte desses “artistas” são de qualidade duvidosa, não fazem mais nada novo há anos ou estão musicalmente decadentes. O pior é que faturam alto graças a fãs histéricos, muitos deles trabalhadores e estudantes, que dão duro e têm poucas chances de se dar bem na vida, com raríssimas exceções. Enquanto faturam, temos que ver mestres e doutores fazendo concurso para gari no Rio de Janeiro (com todo o respeito pela profissão).

Às vezes, nós professores ficamos sem graça para estimular alunos em formação. Quais as reais probabilidades de virem a ganhar bem? E o que é ganhar bem? Um faturamento mensal de 5 a 10 mil, matando-se de trabalhar, é de fato ganhar bem? E ainda levo em conta que poucos profissionais de nível superior ainda vão ganhar nessa faixa.

Os salários absurdos e estratosféricos que recebem nulidades e prestadores de desserviços desestimulam muitos na vida profissional, geram ganância e, até mesmo, sem sombra de exagero, violência e desestabilidade social, quando muitos querem ganhar e ter o que não podem com estudo, trabalho e esforço. Embora não seja exemplo diretamente relacionado ao tópico, a violência e o número de assaltos em muitas cidades aumentaram após as denúncias do mensalão. O raciocínio do cidadão comum era: se eles podem, por que nós não?

O dinheiro, como disse no tópico anterior, circula na mão de poucos. Um dos símbolos da inversão de valores pode ser observado em uma foto recente do supra-sumo e ícone da inutilidade, Naomi Campbell, faturando alto, agredindo pessoas e ostentando acintosa e lamentavelmente uma camisa que estampava, em inglês: “Naomi me bateu e eu gostei”. Realmente, parece que o mundo está entregue aos medíocres e inúteis. De fato, quanto mais idiota, melhor.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Muita riqueza para poucos.

A notícia da Folha de São Paulo por si só diz tudo:

"O empresário Eike Batista, do Grupo EBX, teve um aumento de US$ 19,5 bilhões no seu patrimônio e se tornou o oitavo homem mais rico do mundo, com US$ 27 bilhões (metade do PIB equatoriano), segundo a revista "Forbes", a primeira vez nos últimos anos em que um brasileiro aparece entre os 50 mais ricos. Em 2009, ele apareceu na 61ª posição.
Com negócios em mineração, petróleo, geração de energia e logística, Eike se aproveitou da recuperação global no preço das commodities, da retomada da economia brasileira e da alta das ações das empresas do seu grupo -a Bovespa foi a Bolsa que mais se valorizou em dólar em 2009. O avanço do real, que liderou a valorização ante o dólar entre as principais moedas, também contribuiu para o aumento da sua fortuna.
Segundo a revista, dois terços da fortuna de Eike vêm da OGX (de exploração de gás e petróleo), cujas ações começaram a ser negociadas em Bolsa em 2008 e se valorizaram em 225% no ano passado. E o seu patrimônio, que foi o que mais cresceu no ranking, deve avançar mais com a abertura de capital do estaleiro OSX, com a qual pode arrecadar cerca de US$ 5 bilhões, dinheiro que na atual lista o levaria ao quarto posto.
O aumento do patrimônio de Eike é um reflexo da recuperação das economias emergentes, que voltaram a crescer antes e com mais força que as do mundo rico. A China, assim como a Índia e Turquia, mais que dobrou o número de bilionários em relação a 2009 e agora só perde para os EUA.
O avanço dos emergentes também pode ser visto no topo do ranking. A liderança pela primeira vez é de um latino-americano, o mexicano Carlos Slim, com US$ 53,5 bilhões -US$ 500 milhões mais que Bill Gates-, e dois indianos estão entre os cinco primeiros.
No Brasil, além do crescimento de Eike, o número de bilionários passou de 14 para 18, e um deles, Jorge Paulo Lemann, da AB InBev, também aparece entre os 50 primeiros, com US$ 11,5 bilhões, em 48º lugar.
No total, o número de bilionários cresceu de 793 para 1.011, e o patrimônio deles avançou 50%, para US$ 3,6 trilhões. Ainda assim, os números são inferiores aos de 2008, quando 1.125 pessoas tinham ao menos US$ 1 bilhão, somando US$ 4,4 trilhões."

Ou seja, mais uma vez chama a atenção a briga pela liderança, sempre acirrada, entre Gates e Slim. Vale complementar a notícia pela presença em terceiro do investidor Warren Buffet, com 47 bilhões de dólares, sempre pronto para tentar voltar à liderança. Completo também postando que os 18 brasileiros da lista da Forbes têm, juntos, uma fortuna de US$ 84,7 bilhões. A título de nota, o terceiro do Brasil, na 64ª posição da lista, é o banqueiro Joseph Safra, com uma fortuna acumulada de US$ 10 bilhões. A seguir, a família Steinbruch, dos grupos CSN e Vicunha, aparece na 136ª posição, com uma fortuna de US$ 5,5 bilhões e outros dois sócios da InBev aparecem sem seguida - Marcel Telles (152ª posição, fortuna de US$ 5,1 bilhões) e Carlos Alberto Sicupira (176ª posição, US$ 4,5bilhões). Fica fácil entender porque ganhamos tão mal quando vemos onde está o dinheiro do mundo e do Brasil.

PS: Assim, já podemos ficar tranquilos quanto a quem os governos de países miseráveis, como Brasil, Turquia, Índia e China (eufemisticamente chamados de emergentes) podem recorrer confortavelmente em casos de terremotos, enchentes e outras catástrofes.

terça-feira, 9 de março de 2010

O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante

Aos mais incautos, antes que pensem que vou falar sobre fofocas escandalosas, o título remete a um curioso e bom filme que assisti quando era jovem (e não o sou mais, não obstante alguns chatos de galocha leitores de livrecos de auto-ajuda, que têm idade próxima da minha ou maior do que ela, acharem-se na flor da idade). Aproveito essa época pós-Oscar pra relembrar filmes de arte do “meu tempo”. Não sei por que, o filme referido no título me lembra o atual quadro de sucessão presidencial. Senão vejamos:
O cozinheiro, no filme um artista da culinária, que detestava o ladrão que era o seu patrão, aqui é aquele candidato que de artista só tem a conversa. Cozinha, cozinha e cozinha, como é costume do seu partido, não sabe o que quer, não tem coragem de falar mal do ladrão e é farinha do mesmo saco dele. Se no final do filme participa de um insólito ato de revolta, aqui participa de um final que qualquer que seja levará à mesma coisa: inflação maquiada, aumentos populistas do salário mínimo, arrocho de impostos e massacre da classe média. Até hoje não conseguem me explicar como um automóvel que custava R$ 38.700,00 em 1999 hoje custa mais de 100.000. Tampouco os aumentos absurdos nos preços dos laticínios, frango, etc., etc.
A mulher, que no filme tinha raiva do seu violento marido, o ladrão, aqui gosta dele, apóia-se nele, usufrui de seu legado e não tem ele como marido na acepção da palavra, mas como “marido político”. Se tudo continuar como está, deverá vencer o indeciso cozinheiro e o seu apatetado partido. Não tem (pelo menos que se saiba) nenhuma ligação política com o amante.
O amante aqui é um governador jovem, indeciso, namorador (amante, entenda-se, de terceiras). Não sabe com quem joga. Ao contrário do amante intelectual e leitor compulsivo de livros do filme, é ambicioso e prefere apostar depois da poeira baixar.
O ladrão parece um pouco com o do filme, até nas grosserias, na ignorância e mesmo fisicamente. No filme, mata o dono de um restaurante e se apropria dele. Oprime a própria esposa e a espanca. Aqui, não mata ninguém, parece respeitar muita a sua esposa, sempre a levando a tiracolo, mas tem uma máfia de fiéis seguidores, prontos até mesmo ao sacrifício pelo seu líder. É tão poderoso que parece ter uma milícia a postos em todos os âmbitos da sociedade, até na internet, ofendendo e censurando quem lhe faz oposição, como se isso fosse proibido em um país democrático. Até estudantes e professores universitários lhe dão apoio irrestrito e cego. Ao contrário do ladrão do filme, entretanto, é inteligente politicamente, faz aliança com gregos e troianos, ludibria a todos e só vive viajando. Ao contrário do ladrão do filme, deverá terminar bem a sua história. Vou parando por aqui, antes que me censurem ou me ameacem.
Uma coisa é certa. A sucessão presidencial também me lembra o chamado do cartaz do filme “Alien x Predador”: “Não importa quem ganhe, você perde”.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O Dia da Mulher. Parabéns a ela.

Antes de mais nada, gostaria de dar os parabéns à minha amada esposa nesse dia especial. Mais do que nunca é ela quem me apóia em momentos difíceis como o que passo, com problemas de saúde. jamais me casaria com qualquer outra senão ela. Não fora ela, acredito que eu não existiria há muito tempo. E nem teria razão e objetivos para tal.
Parabéns a todas as mulheres, em especial àquelas oprimidas e discriminadas. Mas aqui cabem algumas questões para reflexão: 1- A mulher realmente obteve conquistas? 2- O que a “nova” mulher espera do pretenso “novo” homem e dela própria?
À primeira questão, a resposta é sim. Tivemos como claro exemplo o que aconteceu no Oscar de melhor diretor, ganho pela primeira vez na história por uma mulher (embora não tenha enxergado toda esta obra prima em “The Hurt Locker”, conforme já comentei). Cabe, entretanto, à mulher conservar e ampliar o que ganhou, não caindo no caminho banal de querer manter prerrogativas que não vão mais caber em uma futura sociedade igualitária, nem deixar se “coisificar” pelo machismo enrustido e disfarçado que usa outras mulheres de forma descarada como objetos, oprimindo a mulher comum e criando mulheres artificiais, botoxizadas, plastificadas, falsamente rejuvenescidas e siliconadas, ou mesmo anabolizadas e deformadas, com pernas de jogador de futebol (argh!). A desculpa falsa aqui é sempre a mesma: “faço isso para me sentir bem comigo mesma e melhorar minha auto-estima”. Mulher não foi feita para ser objeto em propaganda de cerveja desqualificada. Mulher não foi feita para ter como objetivo expor o corpo em ridículos BBBs da vida atrás de fama e dinheiro fáceis. Que não se dêem ouvidos aos que gritam que isso é manter a mulher feminina. Mulher foi feita para governar países, empresas e instituições em igualdade de condições com os homens.
A segunda questão, quem deve responder em parte são as mulheres. Pode o homem participar da criação de filhos se não é dada uma chance social a ele para isso? Se temos uma exígua e mambembe licença paternidade? Pode o homem manter o seu papel se também cai numa espiral de anabolização, depilação e às vezes até de feminilização? E o que espera a mulher dela própria? Acredito que dar para ser feminina e inteligente, Feminina e importante para a sociedade. O desafio está lançado àquelas que sempre foram o termômetro moral e ético de uma sociedade, mesmo quando não apareciam.

Oscar 2010

Desafortunadamente não sou crítico de cinema. Mas como todo cinéfilo que se preza, sinto-me com alguma obrigação de tecer alguns comentários sobre alguns resultados do Oscar 2010.
Começando com o de melhor filme e direção, preferia que ganhasse "Inglourious Basterds" e Tarantino ao invés de "Hurt Locker" e Kathryn Bigelow. Bastardos Inglórios é de todos os indicados o melhor filme, embora preferisse os filmes de língua estrangeira aos de inglesa. Não consegui entender o xodó da crítica e da Academia com "Hurt Locker", filme comum e insosso, embora inserido politicamente e atual. "Avatar" é só um show tecnológico rentável, agradabilíssimo e distraído de se ver, mas longe de ter consistência. "An Education" e os demais não tinham qualidades suficientes para competir, embora sejam "assistíveis". O badalado Precious é bom, mas o final deixa a desejar. A Serious Man é irritante em certos momentos e não entendi o que queriam os irmãos Coen, com sua mania de terminar filmes de forma abrupta, que vem cansando quem assiste. Discordando da grande maioria e com opinião bastante pessoal, não achei graça alguma na animação "Up" (que ganhou com justiça o de melhor trilha musical) nem no filme "Up in the Air". "District 9" merecia melhor destaque e "The Blind Side" é bom, mas somente "assistível".
O Oscar de melhor ator foi justo, para Bridges. O de melhor atriz, discutível. Não gosto de Sandra Bullock, e seu único trabalho que prestou até hoje foi esse em "The Blind Side". Acho que o que a Acadenia faz com Meryl Streep é brincadeira de mau gosto, todo ano jogando ela para competir e perder contra atrizes sazonais ou que não têm nem um décimo do seu talento.
O Oscar de melhor filme de língua estrangeira para mim não foi surpresa e ganhou o melhor filme de todo o Oscar, "El secreto de sus ojos", embora reconheça em "Das weisse Band" outro filme inesquecível. Também muito bom e recomendável é "Un prophète".
A melhor animação foi para o preferido de todos, "Up", embora reitere que gostei mais dos outros, com exceção de "The Secret of Kells", uma das animações mais sem graça e soporíferas que já vi.
Paro por aqui, sem tecer maiores comentários sobre os demais prêmios, primeiro por insuficiência de argumentos no caso de alguns, segundo por achar simplesmente justo os demais, embora o excelente ator Stanley Tucci mereça um dia um trabalho à sua altura e que lhe dê um Oscar.