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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Quanto custa um vereador? E para que serve?



Nessa época de eleição, uma das mais desanimadoras de todas, algumas dúvidas merecem ser debatidas. Começando pela segunda questão, respondo dizendo que, nas atuais circunstâncias do nosso país, um vereador praticamente não serve para NADA. A não ser sugar dinheiro público, usar o cargo como trampolim para outros mais altos e compactuar com as prefeituras, fora muito poucos, que já estão praticamente extintos ou absorvidos pelo sistema. É de minha opinião que vereadores não deveriam ser remunerados e deputados não deveriam ter tantos cargos (cabides de emprego) de assessoria. Sem querer discriminar, acho que um candidato a qualquer cargo público deveria ter pelo menos o segundo grau. O povo, mesmo a parcela pobre ou iletrada que seja, precisa é de representação útil e que saiba fazer alguma coisa. E não de um bando de encostados, oportunistas, nuelas e palhaços que não passam de figuras decorativas e vexaminosas, que só envergonham ainda mais a população e o congresso, que além de ladrões de colarinho branco passa a contar também com exibicionistas vulgares, patricinhas e personalidades histriônicas completamente inúteis, que, aliás, de pobre não tinham nem têm nada, só a conversa mole da origem humilde. Muitos se mantém ignorantes pois são preguiçosos e estudar não deixa ninguém rico. Muitos pobres têm nível cultural e de instrução superior a muita gente da classe média ou rica e poderiam representar o povo muito melhor. Respondendo de quebra à pergunta lançada por um dos piores e mais sem graça “comediantes” que dizem que vai se eleger deputado federal com facilidade, um deputado (com honrosas exceções) serve para gastar nosso dinheiro, fazer política, viajar, receber mensalões, subornos, favorecer “lobbies”, tráficos de influência e, nas horas vagas, legislar, e muito mal.

A primeira questão é fácil de responder, no caso de Salvador, conforme os dados do Jornal da Metrópole: cada vereador custa ao erário público quase o absurdo de R$ 52.000,00 por mês! É de pasmar, mas podemos observar detalhadamente (em R$):

a)Verba mensal de gabinete para montar equipe entre 12 e 23 assessores – 35.000,00;
b) Salário – 9.288,05;
c) Combustível – 1.650,00 (que é gasto como?);
d) Aluguel de carro (para que não sei) - 1.500,00;
e) Laptop – 1.500,00;
f) Alimentação – 1.056,00;
g) Correios – 700,00;
h) Motorista – 510,00;
i) Celular – 300,00;
j) Assinaturas de jornais (duvido muito que aqueles que pelo menos saibam ler leiam regularmente) – 191,00;

O total perfaz R$ 51.695,66. A tamanho descalabro, ainda existe a verba para a mesa diretora, com o presidente levando 20,3 mil, a primeira vice-presidência e a primeira secretaria 11 mil e as subseqüentes, 9,2 e 7,4 mil, respectivamente (ou seja, existe o cargo surrealista de terceiro vice-presidente!). A Corregedoria, a Ouvidoria e as lideranças de Governo e Oposição ainda abiscoitam 7,4 mil. O custo anual total de tamanha inutilidade é de R$ 26.097.864,72.

E o que fazem tão bem abastadas criaturas? Em 2010 foram realizadas somente 31 sessões (a ausência de muitos leva ao cancelamento de várias sessões). Além da evasão, os vereadores dedicam tão monumental e custoso (para nós, é claro) trabalho propondo honrarias inúteis, como concessão de medalhas e títulos de cidadão, dias específicos (como o dia do escoteiro em Salvador e o dia municipal do diácono).

Não posso revelar a fonte, mas um dos vários motoristas de determinada secretaria municipal disse que é pago para ficar o dia todo em um anexo, descansando, comendo e vendo filmes em DVD, à disposição. Hora, descubram os gastos em seus municípios com o prefeito e os vereadores e imaginem os milhares de municípios brasileiros dragando dinheiro do povo, sem nenhum retorno em segurança, educação, etc.

Com isso pensem bem em quem vão votar (ajudar a enriquecer). Muitos fizeram carreira criando um “pool” de votos em sindicatos enquanto você trabalhava de verdade. Eles sobem e os eleitores otários continuam na mesma lama. Cuidado com aqueles que se dizem de “origem humilde”. Eles estão mentindo ou na vida receberam, geralmente, uma senhora ajuda ou apadrinhamento. Cuidado também para não votar em travecos exibicionistas e escandalosos (sem nenhuma conotação homofóbica), palhaços sem graça, “modelos”, dançarinas, patricinhas e profissionais de saúde oportunistas. Lembrem que se um vereador já causa tamanho estrago, imagine um deputado e um senador... Pois pior do que está pode ficar. E com sua ajuda.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A sucessão presidencial e a jurisprudência do roubo.



Após longo período sem escrever, sinto-me obrigado a um breve comentário sobre a sucessão presidencial. Sinceramente, não tenho a mínima empolgação por essa eleição. Como no cartaz do filme Alien x Predador, “não importa quem ganhe, nós perdemos”.

A disputa se bipolariza (e bipolariza mesmo) entre dois candidatos que vão continuar exatamente com a mesma política econômica de falsificação da inflação, extorsão da classe média, congelamento total ou quase total dos salários da mesma classe e aumentos irresponsáveis e populistas do salário mínimo. Esses aumentos se esvaem em subida imediata dos preços e desemprego (será que só eu notei que, além de aumentarem os preços, as lojas e os supermercados reduziram bastante o número dos funcionários, mesmo descontando as contratações provisórias de fim de ano?). Isso sem contar as viagens nababescas inúteis, as regalias, a multiplicação e a barganha de ministérios e secretarias.

A justificativa hoje do brasileiro para qualquer roubo ou falcatrua é dizer que existiram antecedentes, e não explicar o fato em si. É desviar o foco da discussão, gerando uma cortina de fumaça. O brasileiro conseguiu criar de forma inédita o termo que eu cunho de “jurisprudência do roubo”. Tudo é desculpa para se agir desonestamente ou apoiar um partido político desonesto. Ao mensalão e outras imoralidades atuais do atual governo, opõe as privatizações escusas e as compras de votos no legislativo do governo anterior, inclusive a forma como foi decidida a emenda para a reeleição presidencial na época do primeiro mandato de FHC. A jurisprudência do roubo impregnou desde a vida profissional até o futebol, onde torcedores de certos times se regozijam com gols ilegais e títulos escandalosamente manipulados, alegando antecedentes de adversários, como se erros do passado justificassem os atuais, perpetuando assim a roda do mau destino.

Alguém analisou ou observou a postura de Serra como governador que só faltou criar IPVA para sapatos e sandálias? Ou as entrevistas de Dilma que correm soltas no “youtube”, que não só serve para divulgar as “obras” sem importância de desconhecidos ou expor a vida privada de pessoas, mas também mostra que essa candidata parece ter alguma deficiência inexplicável? Nada disso interessa ao brasileiro. Brasileiro que vota em candidatos sem coerência política nenhuma. Que vão votar ao mesmo tempo no PT, no PSDB, no PMDB, etc. Que aturam até uma propaganda que corre solta com uma canção surrealista (ou melhor, sem vergonha) que diz que Lula e Dilma apóiam Collor...

Para completar o cenário de ópera bufa, surge a violação de IR da filha do Serra. Hoje pela manhã, tive que aturar as manchetes do Führer, travestido de semi-analfabeto (falsificado, para dar uma imagem de “povão”) dizer, em mais uma de suas significativas e inteligentíssimas frases, que isto “é baixaria do Serra”. Como se sua aliança com Renan, Collor, Sarney, etc., fosse alguma coisa mais do que imoral. Como se o súbito enriquecimento do seu filhinho, criando uma empresa de fachada comprada por milhões, merecesse que denominação? Também tive que aturar a declaração de Dilma de que antes éramos devedores e hoje somos credores. Quem é credor? O povo endividado que passa fome e mora em minúsculas casas de barro batido, cheio de parasitoses, ou o governo que manda dinheiro a rodo para Haiti, Grécia, etc.e fica de quatro para a Bolívia e o Paraguai, mas é incapaz de ter dinheiro para assistir vítimas brasileiras de enchentes?

O que interessa é a fanática religião política criada, a mitificação do candidato, ou de quem está por trás dele, para defender o indefensável. Mas povo não lê nem vê noticiários, nem vê o que presta na internet. Não passa de massa de manobra e criatório, gado (que se reproduz como nunca) de votos. E a “elite cultural” (boa parte dos professores universitários que mamam em bolsas esdrúxulas e nunca escutaram uma obra de Brahms ou mesmo de Beethoven completa, e a maioria dos estudantes, que entram numa universidade sem saber nada de História, sem saber resolver sequer uma equação de segundo grau ou um problema banal de física) lê, assiste e finge que tudo é mentira. Viva Der Führer, Il Duce. O único na história desse país a controlar até a UNE. O homem intocável, jenseits von Gut und Böse. Todo poder a ele.