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sexta-feira, 23 de julho de 2010

As frases mais sem graça, chatas ou burras da história (parte 1).


Só para início de conversa, aí vão algumas:

1- “Não se arrependa do que você fez, mas do que não fez.”
Frase clichê de auto-ajuda, completamente inconsistente com a lógica. Conforme disse antes, quem deixa de fazer algo fez outra coisa, tomou uma decisão. Também é impossível se arrepender de alguma coisa não feita se você não sabe que consequências sofreria. Ou seja, idiotice total.

2- “Ninguém é insubstituível”, ou a sua contrária, “ninguém é substituível.”
Frases amadoras, também de auto-ajuda. No primeiro caso, algumas pessoas são perfeitamente insubstituíveis. Um pai ou uma mãe para um filho e vice-versa.  Um gênio científico ou artístico. Um grande líder político (espécie extinta). Um grande estrategista de guerra. O empreendedor de Shumpeter, capaz de abalar a ordem econômica e social vigente. No segundo, existem pessoas perfeitamente substituíveis em seus trabalhos, a depender do que fazem. Frases relativas e estúpidas, colocadas em tom de absolutas.

3- “É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
Com todo o respeito do mundo ao gênio Einstein, a frase se perdeu por sua obsolescência, obviedade e inconsistência. Vencer um preconceito é uma das coisas mais difíceis "desde os primórdios da humanidade" (atenção, esta também é uma frase clichê). E continua sendo, precisando de leis para conter o animal tribal ou de bando dentro de cada um. Preconceitos raciais, estéticos, religiosos, sexuais, contra doentes, etc. E a maioria acha que venceu, ou faz de conta para ser politicamente correto ou chocar os mais preconceituosos, ou mesmo para não ir parar na cadeia. Já desintegrar um átomo é das coisas mais fáceis pela ciência atual. Pior ainda se for um determinado radioisótopo, que tenha meia vida curta e que se desintegra por si mesmo, sem ajuda de nada.

4- “Aquilo que não me mata me torna mais forte”.
Não foi isso que aconteceu com Nietzsche, que foi piorando sua saúde física e mental a cada dia. Se analisarmos no terreno metafísico ou psicológico, é inválida, pois traumas, recalques e abusos podem conduzir a situações lamentáveis. Se a frase é aplicada em alguns casos de derrotas pessoais, pode até ser válida. Quanto ao terreno físico, isso até pode ser verdadeiro quando se trata de uma infecção que gere uma resposta imunológica persistente e não deixe sequelas. Mas ninguém fica mais forte após doenças degenerativas, infartos, acidentes vasculares e doenças metabólicas, por exemplo. Nem ninguém fica mais forte ingerindo alimentos de péssima qualidade ou sobrevivendo a acidentes e disparos de arma de fogo, por exemplo. Frase extremamente relativa, usada e abusada em auto-ajuda, mais uma vez, fora do contexto da obra original.

5- “Alguns enxergam o copo meio vazio. Eu enxergo meio cheio.”
Frasezinha chata, que ninguém aguenta mais ver em filmes e em livros. De tanto ser repetida, ficou insuportável. Em minha opinião, quem enxerga meio cheio é conformista, está de estômago lotado ou está com preguiça ou sem dinheiro para encher de novo o copo. Aliás, a frase depende mais da saciedade, do estado de repleção do estômago do que de qualquer outra coisa. De qualquer forma, o objeto observado é o mesmo e o que muda é a verbalização da percepção. A interpretação final, por mais Cândido (personagem de Voltaire, no caso) que o bobo seja, é de que falta conteúdo no copo, pois meio é meio em qualquer lugar e de qualquer forma.

PS: quem se lembrar de outras, pode incluir que eu comento depois em nova postagem.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Os Falsificadores (da inflação).



O fim da inflação?

De acordo com o governo e com as jornalistas metidas a economistas, a inflação no Brasil morreu e houve uma grande redução da pobreza por conta disso. Acredito que tais madames não devem pisar nunca em supermercados. Analisemos a média de alguns preços de mercadorias em 10 anos, para ver se isso vale mesmo, desde as mais caras até as mais simplórias:

MERCADORIA
1999
2009
Caminhonete diesel cabine dupla
40.000
109.000
Astra
23.000
53.000
Ford Ka
9.000
28.000
Frango
0,98
3,75
Coração de frango (kg)
4
10
Queijo prato (kg)*
2,99
13,5
Manteiga (500 g)
2,5
7
Farinha (kg)
0,5
2,3
Lata de Coca Cola
0,39
1,1
Lata de Cerveja
0,5
1,2
Feijão (kg)
0,9
3 a 5
Filé Mignon
9
22 a 25
Bife de coxão duro (500 g)
4,5
10
Papel higiênico (rolo)**
0,4
1,2
Revista em quadrinhos***
2,5
6,5

















*Aquele queijo que só usávamos para limpar metal e sapatos na década de 1970, já que ninguém comia essa porcaria, só o queijo reino, cujos preços atuais são mesmo de realeza.
**E ainda se leve em conta que diminuiu em 10 metros.
***Com piora da qualidade do papel e redução do número de páginas.


Alguma coisa parece errada. Ainda mais quando notamos que a nota de R$ 1,00 sumiu e só existem moedas com esse valor (primeiro sinal de que a coisa não vai bem). O zumbi continua vivo, embora sem a força que tinha antes, mas com a força atual subestimada. De fato, a falácia se baseia em preços de eletrodomésticos, têxteis e material de informática, além de alguns vegetais que um dia sobem outro dia descem de preço e vice-versa. Quanto aos eletrodomésticos e ao material de informática, os preços foram reduzidos em decorrência da variedade e da obsolescência. Faço uma simples pergunta: o computador e a TV ditos “top de linha” tiveram mesmo uma redução do preço, ou a redução é ilusória às custas das latas velhas? Alguns artigos de informática baixaram de preço pela grande banalização, como mídias e gravadores. Os CDs e os DVDs baixaram de preço pelo duro golpe que receberam da internet e da pirataria. O seu “notebook” (nunca entendi por que nome tão ridículo) baixou de preço pela bondosa ação dos produtores ou porque ficou obsoleto? Os têxteis baixaram de preço, por sua vez, pela economia informal e pela megaprodução vinda de países com mão de obra barata. Os produtos ditos “de marca”, apesar de praticamente iguais, são reservados aos esnobes. Os aumentos de salários mínimos, em minha opinião irresponsáveis (pois os outros não sobem e os custos são transferidos às mercadorias – notaram que as famosas liquidações pós-natal sumiram depois que passaram o aumento para jameiro?), dão a falsa ilusão de que a pobreza foi reduzida por truque vagabundo de mágica baseado em matemática barata, que não atualizou as faixas salariais para a definição. Bem como pela denominação e legalização de pobres barracos e “apertamentos” com o pomposo termo de “casa própria”, quem sabe para ajudar no desmatamento já feito pelas ricas residências e na arrecadação galopante de IPTUs. Além disso, ficou mais fácil o crédito e o consumo de celulares e eletrodomésticos comprados a 36 prestações. Além disso, a telefonia fixa ficou mais acessível, não por generosidade, mas pelo aumento escandaloso do preço mensal das assinaturas e do preço das ligações. O que os governos FHC e Lula fizeram foi trucagem de circo. Alegando desindexação, a única coisa que realizaram foi congelar os salários da classe média e ficar no mexe remexe das taxas de juros. O Brasil exporta carros para México e Argentina, que são vendidos, pasmem, mais baratos lá. Quanto ao preço galopante das carnes de frango e de boi, é paradoxal em um dos maiores (e por vezes o maior) exportadores desses gêneros no mundo.

PS: Não adianta argumentar com a pressão mundial dos preços dos alimentos pois isso é fenômeno mais recente e os reajustes nacionais dos preços dos alimentos, especialmente laticínios, já vinham ocorrendo de forma esdrúxula há vários anos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A final do fim dos tempos.

E a FIFA conseguiu mesmo fabricar um novo campeão! Com justiça? Com a Holanda roubando Brasil e Uruguai e a Espanha roubando Paraguai e Alemanha? Com justiça? Salvo engano, a menos que ocorra na final, não me lembro de um time que se sagrou campeão mundial não ter ganho nenhuma partida por mais de 2 gols de um adversário em toda a Copa. Acho que esta será a primeira vez. Que grandes porcarias Espanha e Holanda, que não convenceram a mim em uma única partida sequer. Que não golearam ninguém e fizeram a maior parte dos gols em oportunismo e erros de "abutragem" (quem prestou atenção viu que os dois gols da Holanda contra o Brasil surgiram de jogadas que nasceram em irregularidades). Se a Holanda for a campeã mundial, corremos riscos climáticos tamanha a nuvem negra de maconha que vai impregnar a atmosfera terrestre...

Contra o Brasil, a falta que originou o primeiro gol não houve. O escanteio foi precedido por jogada irregular holandesa. Fora o pênalti não marcado em Kaká. A Holanda ganhou do Uruguai com gol de impedimento e com pênalti não marcado para os uruguaios. Infelizmente, só vêem os lances dos gols, e mais nada. Da mesma forma, um dos gols da França, em 2006 contra a Espanha, surgiu a partir de cruzamento de falta inexistente. Roubar não é só em impedimentos, pênaltis ou bolas que entraram ou não. É um processo mais discreto, de ir minando o adversário. Só idiotas roubam escandalosamente.

Mas, mutretas e choros a parte, acho que ambas já mereciam um título mundial. Não dessa forma tosca. Mas considerando pelo conjunto da obra, especialmente a Holanda, que tive o prazer (e a avançada idade) de ter visto brilhar e dar espetáculos em 1974 e em 1978.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um final condizente para o Brasil? Ou não?




Para não dizer que não comentei nada na data de hoje sobre a desclassificação da selecinha, peço desculpas por inserir essa postagem inapropriada ao nível da maioria das anteriores. Mas, sem querer chorar, e independentemente das más atuações, será que ninguém notou que os dois gols da Holanda tiveram o seu nascedouro em jogadas completamente irregulares, contendo erros grosseiros da arbitragem, que não devem ser mostrados nos “replays”?

Retiro de textos do blog do Juca Kfouri (que recomendo, para quem quiser saber mais sobre o jogo de hoje) algumas considerações:

1- “Em se tratando das Copas, quando tais recursos são amplamente empregados, o que se espera é que a memória registre e a história eternize os gols, os dribles, os craques, a beleza do jogo, enfim, e não tais erros, sobretudo porque são passíveis de imediata revisão. Caso contrário, diante da alta tecnologia disponível para se acompanhar uma partida (até em celulares), logo estará em xeque a própria credibilidade do jogo.” (Túlio Velho Barreto e Jorge Ventura de Morais, sobre o uso de tecnologia de monitoramento no futebol).

2- “Na Copa de 2002, a Espanha e a Itália foram roubadas grotescamente. Era importante para a Fifa que a Coreia do Sul passasse adiante. Não foi culpa dos jogadores, mas as razões políticas e econômicas se impuseram.” (Do repórter investigativo Andrew Jennings, em entrevista no “Estadão”, na postagem “A Fifa controla o dinheiro, marca os adversários e dribla a Justiça”).

Também sem querer me apresentar como falso profeta, já havia dito a muita gente e comentado aqui que a FIFA jamais deixaria o Brasil ser hexacampeão, pois seria muito, já que provavelmente ganharemos a próxima Copa por razões extra-campo óbvias. Quanto à Holanda, já está preparada para ser campeã, pois já entendeu como o jogo funciona, ao contrário dos antigos e talentosos times que possuía: com muita encenação, catimba, provocação e deselegância, embora eu ache que a FIFA já tem seu campeão escolhido antes mesmo da copa começar. São os “bons companheiros” em ação lenta, velada e quase imperceptível.

PS: Da Folha de São Paulo, ainda teve mais essa: "Quem também teve influência nisso foi o árbitro japonês Yuichi Nishimura, que não assinalou um pênalti de De Jong sobre Kaká. Nishimura ainda irritou os jogadores brasileiros, que reclamaram do ritmo que ele imprimiu à partida."

A Dívida (The Debt - Ha-Hov).



The Debt (Ha-Hov) é um filme israelense de 2007 que, para o bem ou para o mal, ganha uma refilmagem americana produzida pela Disney, agora em 2010. O longa conta a história de três agentes do Mossad que, nos anos 60, perseguem um terrível criminoso de guerra nazista, Maximilian Reiner, conhecido como o “cirurgião de Birkenau”, tamanhas as atrocidades que fazia com os judeus, como, por exemplo, amputar e transplantar membros. Os três, em uma sucessão de erros incomum ao Mossad, deixam o carrasco nazista escapar. Silenciam sobre o fato, apresentando a versão de que foram obrigados a matá-lo por tentativa de fuga e defesa própria. São homenageados e tidos como heróis em Israel. Porém, como a mentira cobra as suas dívidas e persegue incansavelmente os seus autores como as Erínias da mitologia grega, Maximilian Reiner reaparece em um asilo na Ucrânia e os três agentes do Mossad têm que limpar a situação e fazer o que não tinham feito.

Pessoalmente, achei um grande filme e recomendo a todos que assistam, se tiverem acesso, antes de assistir o “remake” que vai ser exibido ainda este ano. Prestem atenção com cuidado nos diálogos do filme e na boa atuação de Gila Almagor como a agente do Mossad, Rachel (ou Rajel) Berner. Os diálogos inquietam e acredito que possam incomodar tanto àqueles que queiram se isentar das atrocidades realizadas em qualquer guerra, nesse caso os alemães, como também até aos próprios judeus, que sentiram na pele o hediondo holocausto, pois deixa transparecer certa passividade de alguns deles frente à morte.

No primeiro caso, um dos agentes diz ao “cirurgião de Birkenau” que, no julgamento, ele argumentará como todos os assassinos de guerra: “Você dirá que foi um peão no sistema. Que só seguiu ordens.” O carrasco em momento algum admite arrependimento nem isenta ninguém da matança, quando pergunta ironicamente: “Então estávamos todos loucos? Loucura temporária?”

No segundo caso, o mais impactante, é posto em jogo a pouca resistência que alguns judeus tiveram ao holocausto, de forma contundente, ainda mais se levando em conta que o filme é israelense e teve coragem de surpreender com as seguintes falas do carrasco nazista, que transcrevo “ipsis litteris”:

“Vocês, os judeus, nunca souberam como matar. Souberam como morrer.”

“Sabe por que foi tão fácil exterminá-los? Porque o judeu é egoísta. Cada um de vocês pensava só em si mesmo. Como fazer para chegar à hora seguinte, ao dia seguinte. Como evitar ser açoitado ou ser chutado. Por que acha que só quatro soldados bastavam para conduzir mil pessoas às câmaras de gás? Famílias inteiras. Porque nenhum só desses mil se atreveu a resistir. Atreveu correr o risco de ser o primeiro a cair.”

Um extraordinário filme para refletir, e não somente para ser observado rapidamente como simples filme de ação.