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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A menina.


Há alguns anos, neste mesmo dia, em uma cidadezinha do interior de Pernambuco, nascia uma menina. Loirinha, linda, sem igual. Caçula de uma prole de oito, deveria ter todas as preferências e mimos como é normal aos caçulas em qualquer família, embora não tenha sido assim. Mas a menina era obediente, calma, respeitava sempre aos bons pais e nunca se recusou a carregar fardos e pegar no pesado. Nem nunca exigiu nada deles. Assim faz até hoje. Gostava de brincar de bonecas, uma das quais, uma bonequinha de plástico que chamava “buchudinha” e lhe foi escondida por uma colega. Às vezes se entretinha tanto brincando que esquecia a refeição, que a mãe guardava com paciência. Foi crescendo, manteve-se sempre obediente, mas sempre feliz e sempre sorridente, parecendo um raio de sol (desculpem aqui o clichê). A asma crônica não parecia (nem consegue até hoje) parar nunca o foguetinho louro. Quis o destino que viesse para Salvador. Nessa cidade, acabou casando e tendo um filho maravilhoso. Seus instintos cuidadosos sempre levam a tomar conta do esposo e do filho, mesmo nos dias em que está turrona, pois seu enorme coração e sua boa alma jamais foram reflexos de tudo que às vezes exprime, para quem bem lhe conhece. As responsabilidades que teve que assumir e as doenças como inúmeras, precoces e inexplicáveis hérnias de disco e problemas de visão não a fazem mais sorrir sempre. Mas também são incapazes de parar ou reduzir seu ritmo alucinante e sua força, embora às vezes ela até pense que possam. Continua viajando pelo espaço da vida de forma útil, íntegra e honrada, sempre se preocupando com o bem estar dos outros, meu foguetinho louro. Chega onde não fui nem serei mais capaz de chegar. Faz nosso filhinho voar ainda mais longe. Amo você, mais do que nunca e para sempre.

OS: Essa é a minha visão dela. Qualquer coisa que não a tenha agradado, eu assumo e peço gentis desculpas.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Dilma, o salário mínimo, o falso congresso e o país mais burro do mundo.

Nessa semana que passou, fomos surpreendidos pela atitude da presidente Dilma ao enquadrar o PMDB, frear as irresponsáveis subidas do SM e de quebra veicular os reajustes do SM exclusivamente ao executivo. Esperneiam boa parte dos distintos deputados (mais de “mentirinha” conveniente que de convicção ideológica) e o STF, chamando a atitude de inconstitucional. Aécio Neves (ora, quem...) a chama de autoritária. Crítico contumaz de FHC, Lula e da própria Dilma, é de pasmar minha opinião de apoio total a essa medida, sem medo de me expor (pois coragem é o que falta entre os que querem “tirar onda” de bonzinhos e liberais) e às gratas surpresas que venho tendo com uma presidente que não faz muita questão de papagaiadas, índices de popularidade, conchava menos, tem coragem e não se preocupa sempre em jogar para a platéia. Se isso é autoritarismo, as centrais sindicais infestadas de raposas que aprendam a ter responsabilidade e os corruptos que infestam o congresso que aprendam a governar. Como disse Fernando Rodrigues na Folha, “ Dilma Rousseff começa seu mandato com mais poder real sobre os congressistas do que os seus dois antecessores imediatos, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).” Lula parece que não vai influenciar tanto o seu mandato como pensei e pensavam, assim espero, uma vez que ele nunca governou nem sabe o que é trabalhar mesmo. Deixo claro, entretanto, que não sou dilmista nem coisíssima alguma em se tratando dessa podre política. Tampouco Dilma está bem longe da perfeição e da pureza. E começo a acreditar que Serra não seria mesmo uma opção melhor. Queiram os céus que Dilma não traga grandes decepções e assim se mantenha.

Mas, por que minha aparente implicância com o SM? Na verdade me baseio nas seguintes e claríssimas constatações: 1- Não foi o SM que melhorou a situação de pobre algum, mas sim a ilusão do crédito fácil e as bolsas pobreza. 2- As subidas do SM estavam sendo usadas como queda de braço entre um congresso contra o executivo, com aumentos desproporcionais e fora da realidade, já que os salários da classe média não subiam ou subiam miseravelmente. O governo Lula aprovava pois este é aficionado com sua popularidade e quer voltar ao planalto. 3- A cada subida do SM, o desemprego aumenta e não é possível que ninguém tenha notado que o número de atendentes em lojas e mercados se reduz drasticamente bem como os preços de gêneros alimentícios disparam, especialmente a carne e laticínios, artigos de luxo que se tornaram. 4- As irresponsáveis subidas do SM vinham freando a subida dos demais salários (exceto o dos nobres congressistas e do STF) e sendo repassados, é óbvio, aos preços das mercadorias, de forma que o “made in China” foi adotado por todas as marcas de nome, o que levaria o país cada vez mais a perda de competitividade e ao “knock out” das pequenas e médias empresas (vejam bem que condeno as condições degradantes às quais são submetidos os trabalhadores chineses – não é isso que defendo aqui, que fique bem entendido). Se o círculo vicioso do SM continua para sempre, onde as coisas iam parar? Em uma simples projeção matemática, professores universitários e outros profissionais de nível superior, em cerca de 10 a 15 anos, estariam ganhando SM.

E o congresso? O que dizer de deputados e senadores que votam contra a presidente do seu próprio partido ou que fazem parte da base do governo? Que raios de sistema legislativo é esse, inconcebível e ininteligível em qualquer outro país, onde o partido do presidente governa contra ele? Hora, o mesmo sistema legislativo, com componentes eleitos por pessoas que em sua maioria só sabem o que são jornais e revistas quando estes fazem às vezes de papel higiênico. É o mesmo sistema legislativo que concebeu (ou melhor, pariu) burramente pérolas de leis tais como: 1- Definição imprecisa e esdrúxula de diversos crimes, como o infanticídio. 2- Apoio irrestrito a devedores e vagabundos, dificultando ações de despejo contra caloteiros e fomentando a dívida consciente de pais de estudantes, levando à falência de escolas. 3- Apoio à vagabundagem de filhos, de maneira que um desempregado de 70 anos pode agora receber pensão de um pai de 90 anos. 4- Forçar velhinhos a pagar PJ aos netos pelos seus filhos irresponsáveis, de forma que dentro em pouco ninguém mais vai querer filhos homens. 5- Manutenção de um sistema absurdo de pensões vitalícias para viúvas, coisa que inexiste em outros países. 6- Uniformização de crimes sexuais sob o termo “estupro”; cabe a pergunta: quem foi bolinada(o) ou beijada(o) a força foi estuprado? 7- Lei sobre a doação de órgãos, que terminou caindo meses depois. De fato, um Tiririca a mais ou amenos não vai fazer diferença em um congresso como esse. Aliás, o congresso é a cara dele e também do Al Capone.