English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O mestre dos desejos...



Essa sequencia de filmes de terror “trash” e divertida (pelo menos os dois primeiros filmes) contava a história de certo gênio (djin) que, uma vez solto, passava a atender os desejos das vítimas ao “pé da letra”. Dessa forma, o indivíduo que queria dinheiro recebeu em troca a queda de um avião ganhando o seguro da mãe. Uma mulher que queria eternizar a sua beleza foi transformada em um manequim de vitrine. Um preso que queria sair das grades, saiu mesmo, sendo esmagado para passar no exíguo espaço. E por aí ia.

Mas certo parente (mais) amalucado desse gênio veio parar em um reino da América do Sul em que o povo era ignorante e fácil de enganar, os Emirados Idiotas Unidos. O rei estava a passear com um de seus milhares de assessores, quando se deparou com a famosa lâmpada e, já que tinha a mania de pegar o que era dos outros, pegou o objeto e libertou o gênio. O gênio, penalizado com a situação do reino, passou a escutar os pedidos do rei e se dispôs a resolver todos os problemas:

1- Gênio, meu “fio” (o rei falava errado como quase todo mundo no reino), temos uma das piores “educação” do mundo. Vê aí o que tu faz. O gênio disse: ora, caro rei, muito simples. Crie cotas para os menos favorecidos nas universidades, dê bolsas a rodo para as pesquisas mais incompetentes dos professores universitários e crie mestres e doutores do nada, baixando o nível das pós-graduações. O rei disse: magnífico! Esse gênio é demais, embora o conselheiro lhe dissesse que o problema estava mesmo na educação básica e no investimento em boas instalações e professores.

2- Gênio, a “violença” no reino tá de lascar. Dê um jeito. O nosso caro gênio lhe disse: já está dado; não divulgue mais os mapas da violência (o que foi feito, já que o último saiu em 2008), mesmo porque ninguém lê nada na porcaria desse reino, e atrase os dados para as estatísticas mundiais. Nem é preciso dizer que o conselheiro disse que esse grave problema só se resolvia com controle de natalidade, educação forte e empregos bem remunerados. E nem é preciso dizer que o rei já se irritava com o conselheiro.

3- Gênio, a pobreza tá demais e os “preço” num "para" de subir. Nosso PIB tá caindo. E o gênio disse: fácil, fácil essa. Distribua bolsas consolo, congele os salários da classe média, diminua os juros ou estimule o crédito para o populacho comprar em parcelas ilusórias de até 1001 vezes, divulgue índices falsos de inflação e aumente só o salário mínimo. Isso vai causar aumento dos preços e mais desemprego, mas é um pequeno efeito colateral. Quanto ao PIB, esqueça. Só poucos dos mais velhos lembram que seu reino já teve o quinto maior PIB do mundo. O conselheiro lembrou que um dia a bolha ia estourar, mas o rei nem lhe deu ouvidos.

4- Magnífico gênio, meu filho, o príncipe, não tem dinheiro. O gênio disse: mas que pedidos fáceis... Mande-o criar uma empresa de fachada e vender por uma nota a uma empresa grande que esteja interessada em um grande negócio que precise do seu aval. O rei vibrou com tamanha inteligência (desonestidade) do gênio.

5- Ó grandioso gênio. Quero o apoio da oposição. O gênio disse: crie uma mesadinha para ela que está resolvido. Faça aliança com os piores facínoras e crie e distribua cargos a rodo.

6- Por fim, grande gênio, vou lhe fazer um pedido: quero o nosso futebol modernizado que nem o das “Oropa”. O gênio disse: fácil, fácil. Encolha o tamanho dos estádios, aumente o preço dos ingressos, permita a venda de todo jogador para fora do reino e os otários vão continuar acreditando que o futebol é honesto. O conselheiro disse: mas isso vai falir nossos clubes e nossos campeonatos vão virar “babas”. Ao que argumentou o gênio, calando o conselheiro: e torcedor tem cérebro?

O conselheiro disse ao rei: mas esse gênio é um picareta. Isso não vai resolver nada na base dos problemas. O rei prontamente demitiu o conselheiro e quis fazer do gênio seu primeiro ministro. Esperto, o gênio lhe disse: Ó rei, esse cargo eu não quero. Já estou acostumado a “resolver” problemas dos seus antecessores e toda hora surgem novos problemas, não faço idéia do por quê. Visitei até outros reinos, onde criei até a guerra das Malvinas e a do Iraque, mas os imbecis não souberam fazer a coisa certa. Mas garanto que sua administração vai ser um sucesso. E se escafedeu de volta para a lâmpada, esperando no conforto pela visita de outros reis.

7 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo. Muito bom mesmo. Parabéns.
De Priscila

Anônimo disse...

Sérgio. É bom saber que mesmo com todos os problemas de saúde que você tem passado, sua criatividade e sua inteligência permanecem intactas. Boas festas e feliz 2011. Um forte abraço de diversos colegas e amigos.

Anônimo disse...

De Maguinha: Simplesmente fantástico e delicioso de ler. Devia era estar em jornal.

Anônimo disse...

De Jânio:
E a partir de hoje uma certa rainha vai precisar do gênio...

Dalvinha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dalvinha disse...

É muita genialidade e criatividade pra uma pessoa só. Concordo plenamente com o comentário acima. Deveria ser publicado em jornal. Parabéns!!!! Sempre genial vc meu amor. Sou sua maior fã.
bj.

Sérgio Ricardo disse...

Obrigado a todos pelo apoio. Valeu gente. É bom saber que ainda tem pessoas que lêem meu blog.

Dalvinha, meu amor, o sentimento é recíproco. Também sou seu maior fã.

Postar um comentário