Após longo período sem escrever, sinto-me obrigado a um breve comentário sobre a sucessão presidencial. Sinceramente, não tenho a mínima empolgação por essa eleição. Como no cartaz do filme Alien x Predador, “não importa quem ganhe, nós perdemos”.
A disputa se bipolariza (e bipolariza mesmo) entre dois candidatos que vão continuar exatamente com a mesma política econômica de falsificação da inflação, extorsão da classe média, congelamento total ou quase total dos salários da mesma classe e aumentos irresponsáveis e populistas do salário mínimo. Esses aumentos se esvaem em subida imediata dos preços e desemprego (será que só eu notei que, além de aumentarem os preços, as lojas e os supermercados reduziram bastante o número dos funcionários, mesmo descontando as contratações provisórias de fim de ano?). Isso sem contar as viagens nababescas inúteis, as regalias, a multiplicação e a barganha de ministérios e secretarias.
A justificativa hoje do brasileiro para qualquer roubo ou falcatrua é dizer que existiram antecedentes, e não explicar o fato em si. É desviar o foco da discussão, gerando uma cortina de fumaça. O brasileiro conseguiu criar de forma inédita o termo que eu cunho de “jurisprudência do roubo”. Tudo é desculpa para se agir desonestamente ou apoiar um partido político desonesto. Ao mensalão e outras imoralidades atuais do atual governo, opõe as privatizações escusas e as compras de votos no legislativo do governo anterior, inclusive a forma como foi decidida a emenda para a reeleição presidencial na época do primeiro mandato de FHC. A jurisprudência do roubo impregnou desde a vida profissional até o futebol, onde torcedores de certos times se regozijam com gols ilegais e títulos escandalosamente manipulados, alegando antecedentes de adversários, como se erros do passado justificassem os atuais, perpetuando assim a roda do mau destino.
Alguém analisou ou observou a postura de Serra como governador que só faltou criar IPVA para sapatos e sandálias? Ou as entrevistas de Dilma que correm soltas no “youtube”, que não só serve para divulgar as “obras” sem importância de desconhecidos ou expor a vida privada de pessoas, mas também mostra que essa candidata parece ter alguma deficiência inexplicável? Nada disso interessa ao brasileiro. Brasileiro que vota em candidatos sem coerência política nenhuma. Que vão votar ao mesmo tempo no PT, no PSDB, no PMDB, etc. Que aturam até uma propaganda que corre solta com uma canção surrealista (ou melhor, sem vergonha) que diz que Lula e Dilma apóiam Collor...
Para completar o cenário de ópera bufa, surge a violação de IR da filha do Serra. Hoje pela manhã, tive que aturar as manchetes do Führer, travestido de semi-analfabeto (falsificado, para dar uma imagem de “povão”) dizer, em mais uma de suas significativas e inteligentíssimas frases, que isto “é baixaria do Serra”. Como se sua aliança com Renan, Collor, Sarney, etc., fosse alguma coisa mais do que imoral. Como se o súbito enriquecimento do seu filhinho, criando uma empresa de fachada comprada por milhões, merecesse que denominação? Também tive que aturar a declaração de Dilma de que antes éramos devedores e hoje somos credores. Quem é credor? O povo endividado que passa fome e mora em minúsculas casas de barro batido, cheio de parasitoses, ou o governo que manda dinheiro a rodo para Haiti, Grécia, etc.e fica de quatro para a Bolívia e o Paraguai, mas é incapaz de ter dinheiro para assistir vítimas brasileiras de enchentes?
O que interessa é a fanática religião política criada, a mitificação do candidato, ou de quem está por trás dele, para defender o indefensável. Mas povo não lê nem vê noticiários, nem vê o que presta na internet. Não passa de massa de manobra e criatório, gado (que se reproduz como nunca) de votos. E a “elite cultural” (boa parte dos professores universitários que mamam em bolsas esdrúxulas e nunca escutaram uma obra de Brahms ou mesmo de Beethoven completa, e a maioria dos estudantes, que entram numa universidade sem saber nada de História, sem saber resolver sequer uma equação de segundo grau ou um problema banal de física) lê, assiste e finge que tudo é mentira. Viva Der Führer, Il Duce. O único na história desse país a controlar até a UNE. O homem intocável, jenseits von Gut und Böse. Todo poder a ele.
4 comentários:
O pior analfabeto (depois de LULA) é o analfabeto político. Não ouve, não fala, não sabe nem o que é, nem participa dos acontecimentos políticos. Desconhece o custo de vida, o preço (aumento dos preços) do arroz, da carne, do feijão, da moradia, e que tudo isso, todos esses custos e seus aumentos são frutos de suas débeis decisões políticas. O pior é ter que aturar e ver a jeguice do povo que em atitude de orgulho, estufa o peito e dizendo que odeia a política. Não sabe o oligóide que, da sua ignorância e displicência política, nasce a criminalidade, a prostituição, a criança que passa fome, e o pior de todos, gera mais e mais políticos corruptos, ladrões, vigaristas. Povo brasileiro, analfabetos políticos, são Deuses, e entre suas obras primas estão as crianças que morrem e os políticos que vivem.
De Jânio:
"E a “elite cultural” (boa parte dos professores universitários que mamam em bolsas esdrúxulas e nunca escutaram uma obra de Brahms ou mesmo de Beethoven completa, e a maioria dos estudantes, que entram numa universidade sem saber nada de História, sem saber resolver sequer uma equação de segundo grau ou um problema banal de física) lê, assiste e finge que tudo é mentira." Disseste tudo. É com esse nível de pessoas que o país conta e confia, principalmente aqui na Bahia.
Realmente. E notem que nem precisei fazer montagens, já que a cabeça do Alien lembra a careca do Serra e a carona do Predador lembra a Dilma...
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