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terça-feira, 26 de abril de 2011

Fim.

-Este blog chega, feliz ou infelizmente, ao seu fim. Pode ser que um dia, quem sabe, retorne.
-Aos amigos e a todos aqueles que aqui estiveram, meus agradecimentos.
-"Nada a perder, para quem não tinha nada a ganhar."

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os Bórgia: a série, corrupção no papado e quem seria a besta do apocalipse.


Pela primeira vez no blog falo de uma série. Porque ela, pelo menos no episódio piloto, promete ser uma das melhores de todos os tempos, estando com avaliação de 9,3 no famoso site referência de qualquer cinéfilo, o imdb.com. A série é simplesmente excelente, com cenário perfeito, atores muito bons, com destaque para o grande Jeremy Irons, um ator de peso, um dos meus prefridos, que merecia ser resgatado aos holofotes e sob boa direção, mostrando e esbanjando todo o seu talento e sua capacidade interpretativa como Rodrigo Bórgia, que se tornaria o papa Alexandre VI, em meio a grande corrupção, com compra de votos, favorecimentos e, posteriormente, assassinatos vis. O papa espanhol tinha em seus filhos(!), Cesare Bórgia (mundano, promíscuo e cúmplice de asassinatos, nomeado por ele como cardeal, pasmem) e Juan Bórgia seus braços direitos na execução dos seus malévolos planos. Sua filha, Lucrécia Bórgia (interpretada pela jovem Holliday Grainger, que vai ter uma responsabilidade imensa pela fente e pode ser o ponto fraco da série, a julgar pela atuação até agora apagada), tornou-se, paradoxalmente, o mais famoso historicamente dos Bórgia, por ser uma mulher envolvida em diversos assassinatos de maridos, incesto e devassidões (exageradas, a bem da verdade, graças à peça escrita por Vitor Hugo e às sátiras de Filolia, escritor patrocinado pelos Orsini, principais inimigos dos Bórgia).

A série já começa mostrando tudo isso, começa “matadora” como diriam os jovens. O papa não apenas se contentava com a mãe dos filhos, como também tornou-se amante da jovem Giulia Farnese (interpretada por Lotte Verbeek), que teria influência enorme na formação corrupta de Lucrécia. Alexandre VI para se manter no poder, diante de tamanha corrupção, aumenta o número de cardeais em 13, para poder, por nomeá-los, manipulá-los. Parece que fez escola para muitos presidentes brasileiros...

Quem tiver interesse na vida dos papas, pode encontrar material em diversos livros históricos, e em livros como “A Vida Sexual dos Papas” de Nigel Cawthorne e “A História Revelada dos Papas” da editora Larousse , “História dos Papas: Santidade e Poder” de Luis Tomas Melgar, “A História Secreta dos Papas” de Brenda Ralph Lewis e outros mais, ou, se preferir algo menos sofisticado, http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_papas_sexualmente_ativos.

Algumas frases impagáveis do episódio:

1)“Vocês lutarão como cães, sobre esse corpo que deixo, pelo trono de São Pedro (...) que maculamos com nossa luxúria e cobiça.” (papa Inocêncio VIII, moribundo papa antecessor, que já tivera dois filhos antes de entrar para o clero, tendo praticado nepotismo).
2)”À noite sou o que quero ser, duarante o dia sou clérigo.” (Cesare Bórgia, após sair da cama de uma de suas inúmeras amantes).
3)”Se fracassarmos na primeira votação, vou enviar uma mensagem nas asas de uma pomba com os nomes dos cardeais que precisam de persuasão, com propriedades, benefícios, e, se necessário, de ouro.” (Rodrigo Bórgia, que seria mais tarde eleito papa subindo de 4 votos na primeira eleição, para 14 na última...).
4)”Voto de pobreza? Deus me livre!” (Rodrigo Bórgia, já como papa Alexandre VI, ao ser inquirido pela mãe de seus filhos se, por pretender fazer voto de castidade – que nunca cumpriu, é claro - faria também voto de pobreza, tanto que mandou construir um novo trono laminado de ouro e incrustar de ouro a carruagem dos seus filhos e da mãe deles). Inspirou diversos sacerdotes das mais diversas religiões. Alguns parecem ter feito voto de RIQUEZA e prosperidade (e ainda têm cara de pau de blasfemar dizendo qeu o que receberam foi de Deus e não do dízimo e gordas ofertas dos ignorantes fiéis, com a mente mais lavada que lençol de hotel 5 estrelas)...
5)” Temos que ligar nossos inimigos a nós. Tornando-os nossos amigos.” (papa Alexandre VI, e não FHC ou Lula, como podería o leitor confundir).
6)” Se você alguma vez encontrar-se na necessidade de conforto espiritual na sua solidão, não deve ter receio de se beneficiar disso.” (papa Alexandre VI àquela que em pouco tempo se tornaria sua amante, Giulia Farnese, referindo-se à passagem secreta do palácio do falecido cardeal Orsini, apropriado por ele e dado como exílio, entenda-se luxuosa moradia, a ela; Giulia lhe responderia que a passagem era de duas vias, convidando-o para, digamos, “atividades de quarto fechado”).

Mas o que isso teria a ver com a besta do apocalipse? Segundo algumas religiões cristãs protestantes, temos os seguinte:

1- Conforme a Bíblia, em Daniel 7, uma besta se ergueria com dez chifres e “os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá três reis.” A relação é feita com o papado, que surgiu após a derrotar os Ostrogodos, os Vândalos e os Hérulos, 3 das 10 tribos que se estabeleceram com as invasões bárbaras. Ainda temos que o chifre “proferirá palavras contra o Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei...", coisa que, segundo alguns protestantes, a igreja católica fez, ao introduzir livros apócrifos na Bíblia, mudar os mandamentos na catequese e promulgar o papa como não só representante de Jesus Cristo, mas o próprio em carne e autoridade.
2- O livro de Apocalipse cita que a besta seria ferida de morte, o que aconteceria com a prisão do papa por Napoleão e a dissolução do Vaticano como soberano, mas essa ferida seria curada, o que teria acontecido com o tratado de Latrão assinado por Mussolini, dando soberania ao Vaticano.

Deixo as conclusões disso com o leitor. Apenas lembro que o mal, o diabo, esconde-se onde seria mais insuspeito. Desde já confirmo que não pretendo criar polêmica nem desrespeitar religião nenhuma neste blog, apenas veiculando informações e opiniões existentes e fartamente encontradas em livros e na internet.

domingo, 3 de abril de 2011

A unha encravada e a medicina na Bahia.


Confesso que não sou chegado a sensacionalismos, mas não posso deixar passar em branco o que vem acontecendo com a minha esposa. Por preferir utilizar o seu convênio, foi a uma clínica no Barbalho, o INSBOT, há cerca de pouco mais de 2 semanas, para resolver um simples problema de unha encravada. O médico de plantão, pasmem, não se achou capacitado (foram suas próprias palavras) para resolver o problema (!!!). Passou antibióticos inúteis, como é de praxe e mandou-a fazer um curativo dos mais simples, que, de tão bem feito, ao chegar em casa, caiu em bloco... Aconselhei que ela fizesse o procedimento comigo, que providenciaria com amigos o que fosse necessário, mas ela, temendo talvez possíveis complicações envolvendo um médico tratando um ente querido, resolveu que, mesmo não duvidando da minha competência, preferiria esperar.

Antes de mais nada, não consigo entender como médicos atendem pacientes sem medir a pressão arterial, o básico dos básicos, não interessando qual a sua especialidade, seja oftalmologia, otorrino, etc. Também não consigo compreender de onde surgiu tamanha falta de competência da maior parte dos médicos. Engraçado que eu, quando simples interno de CLÍNICA MÉDIA (repito, não de cirurgia), passava intracath em meus pacientes internados, realizava pequenas cirurgias, entubava e retirava unhas encravadas até de vizinhas diabéticas, na própria residência delas (sem cobrar um tostão), sem nenhuma ocorrência de complicações. Quando residente recém formado, aprendi SOZINHO COM MEUS LIVROS (parece até título de filme ou romance) a realizar punções e biópsias articulares, punções abdominais e torácicas, sem, repito, nenhuma complicação posterior. Não que eu fosse ou seja grande coisa. É que algo pior aconteceu de lá para cá que eu ignoro. Aumento indiscriminado das vagas nas faculdades? Preguiça ou má vontade? Piora do ensino (teoria da qual duvido, pois não aprendi quase nada na faculdade)? Leniência dos professores fazedores de média? Baixos salários da classe, obrigada a ter 1001 empregos?

Mas o drama não parou por aí. Ontem, minha esposa procurou atendimento pelo mesmo problema na emergência do Hospital Salvador. O HS, às portas de fechar, não a atendeu porque não tinha cirurgiões de plantão (ou seja, a maioria dos clínicos ignoram totalmente como tratar unhas encravadas...). No Hospital Santo Amaro não faziam atendimentos de emergência. Voltou ao mesmo INSBOT, mas o médico disse que não poderia realizar o procedimento, pois a clínica (que tem um serviço de EMERGÊNCIA) não permitiria mais àquela hora (em torno de 18:00 horas!).

Isso me fez lembrar, claro que de forma reduzida, o martírio que passou minha mãe antes de morrer. O distinto chefe da Angiologia do Hospital São Rafael (hospital dividido em feudos – ou seja, mesmo pagando o seu convênio, você não pode escolher o seu médico se ele não for do hospital, tendo que aceitar, de qualquer forma, as imposições deles) ao realizar uma angiografia, tratou-a grosseiramente, não respondeu ao que lhe perguntei (sabendo que tratava com um colega, e, antes de qualquer coisa, com um ser humano que vivia uma aflição), apenas limitando-se a dizer “cavalarmente” que o caso era gravíssimo e eu que procurasse respostas com o médico dela... Ao realizar a cirurgia (muito bem feita, por sinal), padeceu pelo retardo da UTI do Hospital Salvador, à época, em entrar com um procedimento de diálise, por questões de autorização ou não do convenio (ou seja, a vida do paciente não é nada diante de cifras). Esse atraso de um dia inteiro levou minha mãe a desenvolver um edema pulmonar um acidente vascular encefálico e padecer até a morte por semanas na referida UTI. Isso sem falar da usual escara de decúbito infectada, que a levou à sepse, retrato máximo da negligência dos nossos queridos hospitais, que deveriam receber processos por isso, mas parece que os advogados ou os pacientes ignoram os direitos, em um país onde escara de decúbito em pacientes internados é considerada surrealisticamente normal...