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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Os Falsificadores (da inflação).



O fim da inflação?

De acordo com o governo e com as jornalistas metidas a economistas, a inflação no Brasil morreu e houve uma grande redução da pobreza por conta disso. Acredito que tais madames não devem pisar nunca em supermercados. Analisemos a média de alguns preços de mercadorias em 10 anos, para ver se isso vale mesmo, desde as mais caras até as mais simplórias:

MERCADORIA
1999
2009
Caminhonete diesel cabine dupla
40.000
109.000
Astra
23.000
53.000
Ford Ka
9.000
28.000
Frango
0,98
3,75
Coração de frango (kg)
4
10
Queijo prato (kg)*
2,99
13,5
Manteiga (500 g)
2,5
7
Farinha (kg)
0,5
2,3
Lata de Coca Cola
0,39
1,1
Lata de Cerveja
0,5
1,2
Feijão (kg)
0,9
3 a 5
Filé Mignon
9
22 a 25
Bife de coxão duro (500 g)
4,5
10
Papel higiênico (rolo)**
0,4
1,2
Revista em quadrinhos***
2,5
6,5

















*Aquele queijo que só usávamos para limpar metal e sapatos na década de 1970, já que ninguém comia essa porcaria, só o queijo reino, cujos preços atuais são mesmo de realeza.
**E ainda se leve em conta que diminuiu em 10 metros.
***Com piora da qualidade do papel e redução do número de páginas.


Alguma coisa parece errada. Ainda mais quando notamos que a nota de R$ 1,00 sumiu e só existem moedas com esse valor (primeiro sinal de que a coisa não vai bem). O zumbi continua vivo, embora sem a força que tinha antes, mas com a força atual subestimada. De fato, a falácia se baseia em preços de eletrodomésticos, têxteis e material de informática, além de alguns vegetais que um dia sobem outro dia descem de preço e vice-versa. Quanto aos eletrodomésticos e ao material de informática, os preços foram reduzidos em decorrência da variedade e da obsolescência. Faço uma simples pergunta: o computador e a TV ditos “top de linha” tiveram mesmo uma redução do preço, ou a redução é ilusória às custas das latas velhas? Alguns artigos de informática baixaram de preço pela grande banalização, como mídias e gravadores. Os CDs e os DVDs baixaram de preço pelo duro golpe que receberam da internet e da pirataria. O seu “notebook” (nunca entendi por que nome tão ridículo) baixou de preço pela bondosa ação dos produtores ou porque ficou obsoleto? Os têxteis baixaram de preço, por sua vez, pela economia informal e pela megaprodução vinda de países com mão de obra barata. Os produtos ditos “de marca”, apesar de praticamente iguais, são reservados aos esnobes. Os aumentos de salários mínimos, em minha opinião irresponsáveis (pois os outros não sobem e os custos são transferidos às mercadorias – notaram que as famosas liquidações pós-natal sumiram depois que passaram o aumento para jameiro?), dão a falsa ilusão de que a pobreza foi reduzida por truque vagabundo de mágica baseado em matemática barata, que não atualizou as faixas salariais para a definição. Bem como pela denominação e legalização de pobres barracos e “apertamentos” com o pomposo termo de “casa própria”, quem sabe para ajudar no desmatamento já feito pelas ricas residências e na arrecadação galopante de IPTUs. Além disso, ficou mais fácil o crédito e o consumo de celulares e eletrodomésticos comprados a 36 prestações. Além disso, a telefonia fixa ficou mais acessível, não por generosidade, mas pelo aumento escandaloso do preço mensal das assinaturas e do preço das ligações. O que os governos FHC e Lula fizeram foi trucagem de circo. Alegando desindexação, a única coisa que realizaram foi congelar os salários da classe média e ficar no mexe remexe das taxas de juros. O Brasil exporta carros para México e Argentina, que são vendidos, pasmem, mais baratos lá. Quanto ao preço galopante das carnes de frango e de boi, é paradoxal em um dos maiores (e por vezes o maior) exportadores desses gêneros no mundo.

PS: Não adianta argumentar com a pressão mundial dos preços dos alimentos pois isso é fenômeno mais recente e os reajustes nacionais dos preços dos alimentos, especialmente laticínios, já vinham ocorrendo de forma esdrúxula há vários anos.

12 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Sérgio, acredito que o país melhorou um pouco. Também gostaria de saber as fontes das quais você tirou os preços.

Sérgio Ricardo disse...

Meu caro amigo, antes de mais nada agradeço sua atenção em comentar meu texto, coisa que vai ficando cada vez mais rara, apesar do razoável número de visitas, que, acredito, não tenham tempo disponível para isso, pois devem gastar horas em orkuts e msn.

Vamos por etapas:

1- O país melhorou mesmo para: jogadores de futebol; "artistas" e "cantores" de porcaria; nuelas exibicionistas; aplicadoras do golpe do baú e apresentadores de TV; empresários ricaços; médios empresários que subiram, em sua maior parte, burlando a fiscalização de produtos importados e sonegando impostos e leis trabalhistas, voltados para a histeria do crédito e do consumismo que se apoderou das classes C e D; pesquisadores bolsistas que pesquisam a cor do asfalto e da asa das baratas; engenheiros e empreiteiros mafiados; políticos mensaleiros e quem ganhou cargo político. E ainda tem gente que dá o maior duro para ganhar mal e puxa o saco dessas categorias. O resto é efeito psicológico de uma maior flexibilidade do crédito e de uma pseudo-subida de salários mínimos.

2- As fontes foram: pesquisas na internet, notas fiscais antigas que guardei (como do automóvel S10 que comprei em 1999 e custou 38.700,00), pesquisas de preços de automóveis que fiz à época e guardei (um Vectra zero custava 32.000,00 e, pasme, um X-Sara Picasso 25.000,00), um informe de supermercado e outro de atacadista que achei em papéis velhos marcando livros. Além disso, sempre tive boa memória para preços, o que parece que a maioria não tem. Só vou acreditar que a inflação estará domada quando o ovo da páscoa e o panetone de um ano tiverem o mesmo preço do ano antecedente e quando parar de ver essas propagandas lamentáveis de carros dizendo: "compre logo antes do próximo reajuste".

Dr. Livigstone Tavares disse...

Tio, o cara que comentou discordando, ficou com tanto medo da sua resposta que sequer se identificou. kkkkkkkkkk É difícil encarar os fatos. Parabéns pela postagem, e pelo trabalho de pesquisa real, superior a qualquer instituto que emite dados sobre a economia do nosso governo.

Anônimo disse...

Ao contrário cara. Acho que o professor respondeu e tirou as dúvidas.

Marcio Roberto Pinto de Araujo disse...

Ótimo post. Muito esclarecedor e teve de quebra uma curiosidade sobre o queijo prato que acho que nunca iria encontrar em outro lugar.

Sérgio Ricardo disse...

Podes crer meu irmão! Ninguém comia essa porcaria na década de 70 no café da manhã. O queijo tipo reino, que antigamente era chamado simplesmente queijo de cuia, teve seu nome mudado de forma pomposa para provavelmente justificar os extorsivos, imorais e absurdos aumentos que sofre dia a dia, já que subiu mais de 100% nos últimos 2 anos.

Dr. Livigstone Tavares disse...

Recado: Já lhe respondi no meu blog Tio.
Saudades

Sérgio Ricardo disse...

São recíprocas, amigão.

Lil@ disse...

É...enquanto as coisas só pioram e nada se resolve as pessoas continuam sendo enganadas pelas “promoções”, gastando mais dinheiro do que deviam, e se acabando em prestações.
Ótimo post. tio Sérgio (Livigstone ciumento não gosta que eu chame os tios dele de “tios”... rsss), gosto muito de ver tabelas e gráficos nos temas que praticamente não entendo nada... da uma ‘clareada’.
Ah! Muito obrigada por me ajudar no artigo, já entreguei ele para coordenação falta receber a avaliação.

Sérgio Ricardo disse...

1- Valeu Lilian!
2- De nada. Foi um prazer! Espero que tudo corra bem.

Fabiano Amorim disse...

Dizer que a inflação acabou realmente é ridículo. Numa sociedade de sistema econômico capitalista sempre haverá a inflação. A inflação é algo que sempre existirá infinitamente no sistema.

Acredito que é válido apenas compararmos o mesmo produto de agora, com os de antes. Por exemplo: gasolina, gás de cozinha, leite, etc. Quanto a comparar carros e semelhantes não adianta muito, por que a 10 anos, os carros eram outros. Mas que tudo aumentou, disso não se tem dúvidas. Se não tivesse aumentado, estaríamos com um imenso poder de compra.

Era melhor que dissessem: "É o fim da inflação descontrolada". Nesse caso seria mais aceitável.

Sérgio Ricardo disse...

O aumento exorbitante do preço dos carros não tem justificativa, pois não foram tantas as melhorias em 10 anos em um mesmo carro. Ao contrário, qualquer acessoriozinho aumenta mais ainda o preço anunciado como do "básico". E a indústria de automóveis teve a fabricação dos mesmos facilitada tecnologicamente. As lembranças do gás de cozinha e do leite foram boas. Vale salientar também o escandaloso aumento no saco do cimento, que impactou tremendamente o mercado de imóveis e encareceu qualquer obra. Infelizmente, não busquei dados concretos sobre isso, o que seria importante. Grato pelo comentário Fabiano. Se puder, dê uma olhada na minha postagem sobre o consumismo exagerado do brasileiro.

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