The Debt (Ha-Hov) é um filme israelense de 2007 que, para o bem ou para o mal, ganha uma refilmagem americana produzida pela Disney, agora em 2010. O longa conta a história de três agentes do Mossad que, nos anos 60, perseguem um terrível criminoso de guerra nazista, Maximilian Reiner, conhecido como o “cirurgião de Birkenau”, tamanhas as atrocidades que fazia com os judeus, como, por exemplo, amputar e transplantar membros. Os três, em uma sucessão de erros incomum ao Mossad, deixam o carrasco nazista escapar. Silenciam sobre o fato, apresentando a versão de que foram obrigados a matá-lo por tentativa de fuga e defesa própria. São homenageados e tidos como heróis em Israel. Porém , como a mentira cobra as suas dívidas e persegue incansavelmente os seus autores como as Erínias da mitologia grega, Maximilian Reiner reaparece em um asilo na Ucrânia e os três agentes do Mossad têm que limpar a situação e fazer o que não tinham feito.
Pessoalmente, achei um grande filme e recomendo a todos que assistam, se tiverem acesso, antes de assistir o “remake” que vai ser exibido ainda este ano. Prestem atenção com cuidado nos diálogos do filme e na boa atuação de Gila Almagor como a agente do Mossad, Rachel (ou Rajel) Berner. Os diálogos inquietam e acredito que possam incomodar tanto àqueles que queiram se isentar das atrocidades realizadas em qualquer guerra, nesse caso os alemães, como também até aos próprios judeus, que sentiram na pele o hediondo holocausto, pois deixa transparecer certa passividade de alguns deles frente à morte.
No primeiro caso, um dos agentes diz ao “cirurgião de Birkenau” que, no julgamento, ele argumentará como todos os assassinos de guerra: “Você dirá que foi um peão no sistema. Que só seguiu ordens.” O carrasco em momento algum admite arrependimento nem isenta ninguém da matança, quando pergunta ironicamente: “Então estávamos todos loucos? Loucura temporária?”
No segundo caso, o mais impactante, é posto em jogo a pouca resistência que alguns judeus tiveram ao holocausto, de forma contundente, ainda mais se levando em conta que o filme é israelense e teve coragem de surpreender com as seguintes falas do carrasco nazista, que transcrevo “ipsis litteris”:
“Vocês, os judeus, nunca souberam como matar. Souberam como morrer.”
“Sabe por que foi tão fácil exterminá-los? Porque o judeu é egoísta. Cada um de vocês pensava só em si mesmo. Como fazer para chegar à hora seguinte, ao dia seguinte. Como evitar ser açoitado ou ser chutado. Por que acha que só quatro soldados bastavam para conduzir mil pessoas às câmaras de gás? Famílias inteiras. Porque nenhum só desses mil se atreveu a resistir. Atreveu correr o risco de ser o primeiro a cair.”
Um extraordinário filme para refletir, e não somente para ser observado rapidamente como simples filme de ação.
5 comentários:
Cara, teu blog é um achado... Você indica e comenta muito bem os filmes. E melhor ainda, filmes bons e pouco divulgados. Nota detalhes interessantes e joga cada tirada...
De Jânio: Também concordo. E esse filme é uma espinha na garganta dos dois lados.
De Valeskinha: Consegui assistir! O filme é ótimo! E suas considreções simplesmente perfeitas professor!
De Ígor: Seu blog é biscoito fino meu mestre! Sempre tou por aqui dando uma olhada e lendo. Parabéns!
De Dudu: Prof Sérgio, assisti as duas versões e são ambas ótimas com excelentes atuações.Não devemos esquecer o holocausto e nem tampouco justificá-lo, mas foram els que criaram Hitler...
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